Atualmente, enfrentamos intensas pressões no que diz respeito à educação de nossos filhos. Embora a educação seja crucial, quero refletir sobre o quanto estamos verdadeiramente alinhados com nossos valores e papéis parentais em relação à educação, ou se estamos, automaticamente, cedendo às pressões sociais e midiáticas para nos tornarmos os pais perfeitos.
A cobrança incessante dos pais em relação à educação muitas vezes os impede de enxergar as necessidades genuínas de seus filhos. Essa conexão, na qual os pais observam, reconhecem e atendem às necessidades de seus filhos, é fundamental no processo do desenvolvimento e formação deles.
Um exemplo clássico de cedermos à pressão externa é quando insistimos para que nossos filhos emprestem seus brinquedos, mesmo que eles não queiram, para crianças desconhecidas em parques ou praças. Isso, muitas vezes, é uma tentativa inconsciente de mostrar aos pais da outra criança o quão “legais” somos por “ensinarmos” nossos filhos sobre educação e compartilhamento, ou mesmo dizer que ela não pode arrancar uma florzinha do jardim porque a planta ficará triste, sendo que a vivência e compreensão de mundo da criança pequena passa também pelo experimentar e sentir com as mãos.
Num curso inspirador ministrado por Selma Bonassi, ela trouxe um exemplo que achei maravilhoso. Se um desconhecido pedir emprestado o notebook ou celular de um adulto em um café, isso seria no mínimo estranho e desconfortável. Por que, então, consideramos normal que as crianças emprestem e fiquem satisfeitas com isso? Será para parecermos pais exemplares, ensinando princípios importantes?
Claro que como mães dedicadas, buscamos o melhor para nossos filhos. Reconhecemos nossas falhas, pois somos seres humanos, contudo, a culpa materna e o desejo de não falhar muitas vezes nublam nossa visão.
Numa sociedade consumista que constantemente nos instiga ao consumo, a busca incessante pela perfeição é a narrativa predominante.
Diante de nossas fragilidades, caímos na armadilha de acreditar que é possível atingir a perfeição, sendo iludidos pela ideia de que todos estão lá, exceto nós.
Sem conexão com nossa essência, limitações e realidade, corremos o risco de seguir orientações e fazer coisas que não refletem nossos valores ou não são apropriadas para nossos filhos, apenas para seguir conselhos de profissionais ou especialistas. Mera ilusão!
Consciência é olhar para nossas aspirações e encarar as limitações que ainda não superamos. Flexibilizar ideias, pensamentos e atitudes é também uma forma de autoeducação. Dançar conforme a música e se entregar ao que a alma pede, no momento certo com cada filho, também é educação.
Quanto mais flexíveis internamente estamos, maior a nossa entrega. Quanto mais nos entregamos, no caminho da alma estamos. Quanto mais na alma estamos, mais realizados ficamos. E se realizar a alma é o caminho e não a chegada, a missão da educação é a estrada.