São tantas as emoções e conflitos que a mulher e o casal enfrentam quando não conseguem engravidar, assim como são vários os desdobramentos ao longo do processo de cada casal.
As mulheres, ao descobrirem que não podem engravidar naturalmente, vivenciam um processo de luto. A partir daí, vários questionamentos passam a aterrorizar os pensamentos, como: Por que comigo? Por que eu não consigo? Por as outras mulheres conseguem e eu não? Por que mulheres que não desejam ser mãe engravidam e eu, que quero tanto, não consigo?
Sentimentos de impotência, culpa, dor, raiva, frustração, dor, vergonha, luto do feminino e questionamentos à Deus assolam o mundo interno das mulheres que passam por essa experiência.
Não seria possível dimensionar todas as faces e possibilidades de vivências e experiências com a infertilidade, e apesar dos filhos poderem chegar por outras vias, a gestação pode não acontecer. E o luto do não gestar de forma natural é muito doloroso, assim como qualquer outro luto.
Após ou simultaneamente ao luto pela infertilidade, os casais que seguem com a busca de realizar a parentalidade através da Reprodução Humana Assistida encontram mais barreiras, dificuldades, dor e sofrimento.
A mulher, que é mais afetada desde o diagnóstico, passará por todo o processo no corpo e na alma.
Com o avanço da medicina, a RHA contribui com a possibilidade do gestar. Contudo, além de não ter 100% de garantia, não dá para reduzir a infertilidade as questões biológicas.
A medicina compreende o processo do corpo que gera outro corpo, mas a alma que anima esse corpo é de natureza desconhecida, do sagrado, do mistério da vida.
Sendo assim, o meu convite é para adentrarmos aos aspectos mais ocultos aos olhos, mas que pode ser sentido, experienciado, questionado, reeditado e transformado, passando a ter outro significado, ou um significado para além do gestar e da maternidade.
Compreendendo o maternar como nutrição, abrigo, cuidado e acolhimento, como é o seu jeito de maternar a si mesma e aos outros?
O que significa a travessia para a maternidade na sua vida?
O que significa para você a travessia para o materno que não diz respeito apenas aos filhos?
Você já mergulhou para dentro de si mesma, assim como essa experiência te faz?
Como é a consciência do seu ritmo interno, do seu corpo, das relações de cuidado em que você doa e recebe dos outros e de você mesma?
Talvez essas perguntas não tenham respostas, mas o próprio processo a levará para lugares desconhecidos e sem respostas, e o diálogo interno pode ser um bom guia para te apoiar e ajudar nesse caminho.